sábado, 2 de julho de 2011

A Rainha da Neve - Primeira História

Terminei o prólogo! Ou primeira história, que seja. Achei bem divertida a história do espelho. E o melhor dessa história é que ele não podia combinar mais com o clima de inverno que faz aqui em Porto Alegre (de acordo com o que eu vi aqui, temperatura de 7ºC e sensação térmica de 1ºC, perfect).

Comecemos então!
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A Rainha da Neve

Em Sete Histórias

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Primeira História
Sobre o Espelho e os Fragmentos
           
Ele era um goblin mau, o pior de todos: ele era o próprio Diabo. Teve um dia no qual ele estava de muito bom humor, ele havia criado um espelho. Um espelho muito peculiar: tudo que era bom e belo que era refletido nele encolhia a quase nada; tudo aquilo que era desprezível e feio, porém, vinha à tona e ficava mais feio do que já era. As mais belas paisagens de florestas e montanhas ficavam com a aparência de espinafre cozido; as melhores pessoas tornavam-se horrendas e deformadas; algumas ficavam com a cabeça abaixo dos pés e não tinham estômagos; seus rostos ficavam distorcidos ao ponto de serem irreconhecíveis.
O Diabo achava isso tudo muito divertido. Quando um pensamento bom e piedoso passava na mente de alguém que por ventura passasse pelo espelho, um sorriso maldoso aparecia no vidro e fazia o Diabo rir de prazer com sua invenção artística.
Os que iam à escola de goblins – pois o Diabo mantinha uma escola de goblins – iam a todos os cantos contar da maravilha que fora forjada. Agora, afirmavam eles, podia-se ver, pela primeira vez, como o mundo e as pessoas que viviam nele realmente eram. Eles iam a todos os lugares com o espelho, de forma que já não havia um único país que não fora refletido e distorcido nele.
Eles queriam ir até o céu para rir e zombar dos anjos quando eles aparecessem no espelho. Quanto mais alto eles voavam, mais aquele sorriso maldoso crescia, e ele já começava a rir e gargalhar. Eles voavam cada vez mais alto, e o espelho cada tremia tanto entre as risadas que ele escapou das mãos dos goblins e caiu em direção à terra, onde ele se despedaçou em centenas de milhares de estilhaços.
Assim quebrado o espelho causava muito mais problemas do que antes. Alguns fragmentos eram tão pequenos quanto um grão de cevada e eles eram levados pelo vento. Quando eles acertavam os olhos de uma pessoa ficavam para sempre lá e faziam com que essas pessoas vissem tudo distorcido ou somente o lado ruim de tudo, pois cada fragmento, por menor que fosse, tinha o poder do espelho inteiro. Algumas pessoas receberam um estilhaço no coração, e esses corações tornavam-se blocos de gelo. Outros estilhaços eram tão grandes que eram usados como vidraças, mas era terrível quando alguém via seus vizinhos e amigos através desses vidros.
Por causa disso tudo o Diabo ria até que sua pança sacudisse de tanto que ele se divertia. E lá fora aqueles pequenos fragmentos de vidro ainda flutuavam no ar – e agora vamos descobrir o que eles causaram.

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No próximo capítulo vamos conhecer nossos dois pequenos heróis (ele nem tanto, quem faz todo trabalho é ela). Ja ne!

1 comentários:

Alê disse...

Nossa... '-' Fiquei tensa no começo, com tantos diabos e goblins e etc, mas é interessante essa noção do pessimismo.

Que bonitinho. /choralitros

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