sábado, 4 de junho de 2011

O Elfo da Rosa - Final

Última parte do conto! Contém mortes e abelhas.

~ * ~ * ~

Todas as manhãs ele voou até a janela da pobre garota e ela estava sempre a chorar perto do vaso. As lágrimas amargas caíam sobre o ramo de jasmim e, a cada dia, enquanto a garota ficava mais e mais pálida, a muda permanecia mais fresca e mais verde e um ramo após o outro brotava, pequenos botões brancos irrompiam e estes ela beijava. Mas o irmão mau a repreendeu e perguntou se ela enlouquecera. Ele não podia suportar essa atitude e não podia imaginar o motivo de ela estar sempre chorando sobre o vaso. Ele não sabia dos olhos fechados que ali estavam e dos lábios vermelhos que desapareciam na terra. Ela então curvou sua cabeça sobre o vaso e o pequeno Elfo da Rosa a encontrou repousando ali. Então ele sentou na sua orelha, contou da noite no bosque, da fragrância da rosa e do amor dos elfos. E ela sonhou um sonho maravilhoso e, enquanto ela sonhava, sua vida passou. Ela morrera uma morte calma e agora estava no céu com aquele que amava.
E o jasmim abriu suas grandes flores brancas. Elas cheiravam peculiarmente doces, elas não podiam chorar de outra forma por aquela que morrera.
Mas o irmão perverso viu a bela planta florescente e a colocou no seu quarto de dormir ao lado de sua cama, tomando-a para si como herança, pois era maravilhosa de olhar e sua fragrância era doce e refrescante. O pequeno Elfo da Rosa seguiu-o e foi de flor a flor – pois em cada uma havia uma pequena alma – e contou do homem assassinado cuja cabeça agora estava em baixo daquela terra e falou do irmão maligno e de sua pobre irmã.
- Nós sabemos! – Falou cada alma nas flores. - Não fomos nós que nascemos dos olhos e lábios do homem morto? Nós sabemos! Nós sabemos!
E elas assentiram de forma estranha com suas cabeças.
O Elfo da Rosa não podia entender como elas podiam estar tão calmas e voou para as abelhas que coletavam mel e contou para elas sobre o irmão perverso. E as abelhas contaram para sua Rainha e a Rainha ordenou que todas elas deveriam matar o assassino na manhã seguinte. Mas durante a noite – a primeira noite que se seguiu à morte de sua irmã – quando o irmão dormia em sua cama perto do cheiroso jasmim, cada flor se abriu e invisíveis, mas armadas com lanças envenenadas, as almas das flores saíram e colocaram-se na sua orelha e fizeram-no sonhar sonhos ruins, então voaram por seus lábios e espetaram sua língua com as lanças envenenadas.
- Agora nós vingamos o homem morto! – Elas falaram, e voaram de volta para as flores de jasmim.
Quando a manhã chegou e as janelas do quarto foram abertas, o Elfo da Rosa e a Abelha Rainha com todo seu enxame de abelhas apressaram-se para matar o homem.
Mas ele já estava morto. Pessoas estavam em volta de sua cama, e diziam “O cheiro do jasmim o matou!” Então o Elfo da Rosa entendeu a vingança das flores e contou para a Rainha e para as abelhas. A Rainha voou com todo o enxame em volta do vaso e as abelhas não podiam ser expulsas. Então um homem carregou para longe o vaso e uma das abelhas o picou na mão de forma que o vaso caiu e quebrou em pedaços.
Então eles viram a caveira branca e entenderam que o homem morto na cama era um assassino.
Então a Abelha Rainha sobrevoou o ar e cantou sobre a vingança das abelhas e sobre o Elfo da Rosa e disse que por trás da menor das folhas existe alguém que pode trazer a maldade à luz e retribuir o que foi feito.

~ * ~ * ~

E fim! No final temos três mortes (quatro, se contar com a abelha que picou o cara que carregava o vaso) e uma lição de moral: não importa a maldade que for feita, alguém vai descobrir!

Vale notar que a última frase no original foi escrita assim: "...behind the smallest leaf there dwells One who can bring the evil to light, and repay it." O finalzinho ("and repay it") foi provavelmente o mais difícil de traduzir, mas o que chama a atenção é o "One", com letra maiúscula mesmo, o que pode indicar que esse alguém sera deus, uma idéia comum para um escritor com tantos contos de moral religiosa (o que indica a posição pessoal dele e também reflete a época, óbvio). Como não posso ter certeza se alguém é deus ou não, decidi colocar como um alguém genérico, de forma que faz parecer que qualquer um, por menos importante que seja, pode retribuir e trazer justiça.


Obs: não durma com jasmins no quarto.

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